Benefícios de um coletivo de trabalho docente para a saúde e a profissão do professor
por Anselmo Lima
Em um coletivo de trabalho, os professores: 1) respondem juntos às prescrições, o que faz com que elas se desenvolvam e se tornem cada vez mais adequadas e realistas em sua função de orientação inicial do trabalho de ensino-aprendizagem a ser realizado na escola; 2) buscam juntos realizar o trabalho previsto nas e pelas prescrições, constantemente adaptando-o às condições reais de sua realização dentro e fora da sala de aula; 3) dificilmente perdem de vista ou não levam em consideração destinatários relevantes de sua atividade, especialmente seus próprios colegas de trabalho e seus alunos; e, por fim, 4) dispõem coletivamente de um repertório de formas relativamente estáveis de ação, o que os poupa de ter de reinventar o trabalho individualmente, partindo do zero, a cada vez que forem realizá-lo.
Desse modo, é a saudável filosofia do “um por todos e todos por um” que é valorizada, mantida e cultivada. Por meio dela, as discussões que ocorrem entre os docentes, no seio do coletivo, consistem efetivamente em um produtivo debate que, de fato, tem foco ao mesmo tempo na realização do trabalho de ensino-aprendizagem e na promoção da melhoria contínua de sua qualidade. Em um contexto de trabalho docente coletivo como esse, a experiência profissional se desenvolve e é compartilhada pelos antigos com os mais novos e isso só pode resultar em um coletivo de trabalho que se consolida cada vez mais e beneficia tanto a vida e a saúde dos professores quanto a profissão, no que diz respeito a suas indissolúveis dimensões impessoal, pessoal, interpessoal e transpessoal.
No próximo post, falarei sobre como se dá a constituição gradativa de um coletivo de trabalho docente nas escolas. Surpreendentemente, tudo pode começar… com as coleções de indivíduos, mas não pode permanecer nelas.
Professor, você atua em um verdadeiro coletivo de trabalho? Caso sua resposta seja “sim”, saiba que você é um privilegiado! Verdadeiros coletivos de trabalho docente são raríssimos e, por isso mesmo, difíceis de encontrar. Passariam a existir gradativamente, em maior quantidade e qualidade, em função de uma maior compreensão do trabalho docente pelas instituições e por nós mesmos, os próprios professores! Claro que, para isso, nossas condições de trabalho precisariam também melhorar muito…
Sem dúvida que trabalhar com um coletivo é mais saudável do que com uma coleção de indivíduos!
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Dalvane, o que mais existe nas escolas, lamentavelmente, são as coleções de indivíduos. Esse é um fator que, dentre outros, contribui substancialmente para o adoecimento docente no trabalho. O desafio é atuar com os professores de modo que eles desenvolvam juntos coletivos de trabalho a partir das coleções de indivíduos de que fazem parte. Esse é um desafio do qual a maioria das instituições, no seu modo atual de funcionamento e gestão, não têm dado conta…
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Isso é fato! Existe muita divergência entre os colegas e o individualismo impera, impedindo que o coletivo aconteça, com raras exceções. Percebi que a falta do coletivo vai cada vez mais nos distanciando, ou seja, cada um por si e seus rendimentos é que acabam sendo a prioridade.
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Prezada Thelma, achei de fundamental importância os aspectos do problema que você indica: 1) divergência entre colegas; 2) “império” do individualismo; 3) impedimento do desenvolvimento do coletivo; 4) falta do coletivo; 5) distanciamento entre colegas; 6) prioridade dos rendimentos (só o que importa seriam os salários?). Penso que esse estado de coisas está instaurado e permanece assim por conta de uma lógica de gestão e de formação (tanto inicial quanto continuada) que precisa ser superada com urgência. Essa lógica, dentre outros malefícios que causa aos docentes, prejudica sem dúvidas não só o trabalho e suas condições, mas também a própria saúde dos professores. Na continuidade dos posts, ficará claro qual seria um dos caminhos possíveis para essa superação. Muitíssimo obrigado por seu precioso comentário! Por favor, continue acompanhando o Blog e contribuindo com seus pontos de vista. Um abraço agradecido!
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Professor, pensando na questão de coletivo de trabalho e coleções de indivíduos e pensando nisso no meu ambiente de trabalho, reflito que no colegiado do curso em que atuo trabalhamos realmente no coletivo, compartilhando ideias e conhecimentos e auxiliando no crescimento de todos. Mas, quando penso que isso acontece somente no colegiado em que atuo e que na Instituição temos aproximadamente mais 10 colegiados, e que não tenho a mesma relação que posso até chamar de “parceria” (não sei se estou certa no uso desta palavra) com os outros colegiados, percebo que não ocorre essa integração, talvez não aconteça realmente. Gostaria de compreender até que ponto pode-se considerar que trabalho em um coletivo, ou não. Abraços!
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Teresa, há dois pontos a considerar sobre essa questão. O primeiro é que há diferentes graus de desenvolvimento de um coletivo de trabalho. O grau “zero” desse desenvolvimento seria o próprio estado indesejável de coleção de indivíduos. À medida que o grupo de professores se desenvolve como coletivo de trabalho, podemos dizer que esse grau vai aumentando. Então, também é possível dizer que todo coletivo de trabalho, em alguns aspectos e em alguns momentos, pode ter ainda certas características de coleção de indivíduos que precisam ser trabalhadas e superadas pelo próprio grupo. O segundo ponto a considerar é que um verdadeiro coletivo de trabalho em uma instituição de ensino não pode e não deve se restringir apenas ao conjunto de professores de uma única coordenação, departamento ou colegiado. O conjunto das diferentes coordenações, departamentos ou colegiados de professores da instituição pode ser, por sua vez, num nível mais amplo, ou uma coleção de indivíduos ou um coletivo de trabalho. Pelo que você diz, muito provavelmente, em sua instituição há um coletivo de trabalho mais ou menos bem desenvolvido no âmbito do curso em que você atua, mas – no âmbito institucional mais amplo – o que há mesmo é uma coleção de indivíduos, já que – como você diz – a mesma relação de “parceria” que existe entre os professores em seu coletivo de trabalho imediato não existe entre diferentes grupos de forma mais ampla na instituição. Há casos complicados e contraditórios muito comuns, nos quais diferentes grupos de professores de uma instituição se desenvolvem como falsos coletivos, pois esse desenvolvimento ocorre apenas na medida em que é necessário “combater” ou “concorrer” coletivamente, sem solidariedade, com outros grupos rivais de professores da mesma instituição. Questões para você continuar refletindo: 1) em que grau o grupo de professores do qual você participa no âmbito de um curso é de fato um verdadeiro coletivo de trabalho? 2) em que grau o grupo de professores do qual você participa no âmbito institucional mais amplo seria de fato uma coleção de indivíduos? Um abraço para você! Obrigado pelo importante comentário e por sua inteligente indagação!
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Penso que quando a equipe toda está engajada e realizando um trabalho coletivo, pode-se gerar no individual de cada um certa realização pessoal. Dessa maneira o apoio pode servir como um gatilho para maior interação e consequentemente para o aumento de produtividade entre os as ações docentes. Sem contar que a cooperação entre os membros melhora a atmosfera de trabalho, tornando o ambiente agradável, contribuindo assim para o desenvolvimento das aulas.
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Exatamente, Camila! Muito interessante você acrescentar a questão de um ambiente de trabalho agradável, algo tão importante aos professores que vão ao mesmo ambiente escolar quase todos os dias.
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Quando gostamos do lugar em que trabalhamos, certamente nos sentimos gratos e felizes por estar ali.
Um ambiente agradável, com certeza, coopera para a saúde do profissional.
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É verdade Camila. Penso que ate o animo para trabalhar melhora com uma boa equipe e uma interação nas atividades em conjunto, consequentemente a produtividade aumenta.
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É muito perceptível a diferença dos quatro itens do post anterior, com esses de agora, que consideram o coletivo de trabalho. Certamente esse trabalho em conjunto é uma das melhores formas de trazer ao professor o engajamento e apoio que esse precisa para ver que não está sozinho, que faz parte de algo e que pode contar com os seus colegas de trabalho, num processo de cooperação e que esses aspectos contribuem para melhorar sua prática em sala de aula.
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Isso mesmo, quando se pensa e age coletivamente as pessoas envolvidas no processo passam a reconhecer o que sabem, o que os outros sabem e o que não sabem também – atitudes que resultam na busca de superação dos limites do grupo. No final, com essa consciência toda a comunidade escolar sai ganhando!
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Quando se trabalha em coletivo tudo fica mais fácil, pois o professor sabe aonde pode encontrar apoio e compartilhar suas dificuldades e também ajudar aos seus colegas.
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A falta de um coletivo de trabalho pode levar os docentes a se sentirem carentes de apoio, o que pode resultar na falta de iniciativa para encontrar soluções novas para os problemas, consequentemente as práticas corriqueiras são repetidas constantemente ao invés de serem recriadas, e o professores acaba não tendo mais esperança de que funcionem.
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É isso mesmo, e quando o professor está iniciando sua carreira percebe que essa é uma possível realidade, o que gera frustração e desorientação.
Muitas vezes também esses mesmos docentes tem ideias genias para modificar suas aulas, no entanto são barrados por outros professores que já possuem uma carreira a mais tempo, desmotivando o trabalho daquele que ainda está iniciando. E pior ainda é quando a própria coordenação da escola impede que o professor faça atividades diferenciadas, isso gera uma grande falta de vontade em realizar coisas diferentes, pois ao se reportar a equipe pedagógica já sabe que irá receber um NÃO.
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Eu acredito que o ambiente em que estou inserida tem grande potencial de se tornar um coletivo de trabalho!
Trabalhamos em torno de um propósito reconhecido e admirado pela maioria das pessoas, e os profissionais que estão à frente sonham em conquistar um ambiente saudável no qual os profissionais trabalhem em conjunto e não apenas individualmente.
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Sim, vejo constantemente essa oportunidade de tornar o ambiente em um coletivo de trabalhadores. Há, na escola em que trabalho, essa mesma oportunidade. Porém, as picuinhas são gigantes, e isso é um problema extremamente difícil de resolver, pois ai o motivo já não mais profissional, é pessoal.
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Parece-me que não há uma vontade estatal para que tais coletivos de trabalho sejam criados nas escolas. Pelo que compreendi, é necessário que os professores estejam em constante interação uns com os outros para que juntos consigam encontrar respostas para os problemas escolares. No entanto, o tempo é escasso e os docentes são delegados a várias escolas em um mesmo ano letivo, dificultando assim a criação de tais coletivos na escola pública.
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Ainda existem muitas escolas em que não existe um coletivo de trabalho, mas acredito que nós professores estamos cada vez mais nos conscientizando que o coletivo trás inúmeros benefícios, alguns deles citados no texto acima.
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Concordo plenamente com seu ponto de vista, Janaína! O trabalho coletivo está se desenvolvendo cada vez mais, mas penso que é imperativo a criação de iniciativas governamentais.
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Deveriam existir projetos do governo aplicados nas escolas incentivando e criando coletivos de trabalho para um bom funcionamento de todo o processo de ensino-aprendizagem, e principalmente visando proteger a saúde emocional do professor que é o mais afetado quando não se há um coletivo de trabalho na escola onde ele atua.
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Sim, Bruno. Estabelecer uma relação saudável de cooperação entre os membros da comunidade docente com certeza deveria ser uma questão tratada com maior atenção por parte das políticas educacionais.
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Assim como comentei nos posts anteriores, continuo reiterando da importância da construção desse coletivo de trabalhadores, pois vejo essa integração dentro do trabalho como algo primordial para atingir todas os outros elementos que estão danificados dentro de uma instituição de ensino. Porém, é muito difícil construir isso com a atual situação dos professores nas escolas: há uma enorme insatisfação, seja por falta de recursos ou por desvalorização de seus trabalhos. O professor, em meio a isso, acaba levando tais problemas para seu âmbito pessoal, ocasionando certamente em seu adoecimento.
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Claramente, o individuo possui suas várias identidades, seja como professor, esposo, pai, avô, filho, homem… e todas essas faces possuem suas peculiaridades e problemáticas depositadas em um só sujeito. Certamente, os problemas profissionais refletirão em todos os demais eixos emocionais e identitários, assim como as demais personalidades também influenciarão o profissional do individuo. Por essa razão, uma vida saudável e coletiva é o ideal a ser alcançado. Certamente surgirão empecilhos nesse processo, pois somos seres orgânicos e passiveis de mudanças, mas a forma de lidar com estes serão de modo mais funcional, pois se tem um coletivo disposto a ajudar o seu desenvolvimento singular.
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Colocando esse post em contraste com o post anterior, fica evidente a necessidade de se estabelecer um coletivo de trabalho na comunidade docente do nosso país. As implicações positivas desse processo na vida do profissional ultrapassam as questões relacionadas ao trabalho, há a recuperação da vontade e energia de um ser humano. Sendo assim, a clínica da atividade docente faz jus ao termo “clínica” que carrega.
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Um coletivo de trabalho docente é a melhor interação que uma equipe de profissionais docentes podem fazer juntos. Isso aumenta a produtividade e a saúde dos profissionais, assim como sitado no post, os quatro benefícios que um coletivo geram, alcançam um espaço muito maior do que apenas a saúde dos docentes, também traz uma melhor qualidade para os alunos, que são o foco de nosso trabalho, a saúde de um todo melhora.
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Tudo o que você citou é realmente interligado, podemos notar na prática o quanto isso faz falta, e quanto isso fica visível para pessoas que estão esternas a esse ambiente.
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Sem dúvidas o melhor é trabalhar no coletivo, melhoraria a saúde dos profissionais, sua produtividade, além de ter muitos outros benefícios.
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É possível notar a partir desse posts, o qual necessário é esse coletivo de trabalho e, quanto isso facilita a própria prática em sala de aula, pois você não precisar se reinventar sozinho, mas sim, poder ter auxilio de uma grupo que já vivenciou daquela situação e, construiu uma prática que funcionou adianta muito o processo e causa menos desgaste.
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