Analisar e problematizar trechos de aulas em sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada
por Anselmo Lima
Depois de realizar a filmagem de aulas de uma dupla de professores, o oitavo passo na implementação de uma Clínica da Atividade Docente nas escolas é analisar e problematizar trechos das aulas filmadas em sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada. É importante ressaltar que os protagonistas dessa análise e problematização devem ser os próprios professores, como os únicos especialistas legítimos naquilo que fazem, e não os Coordenadores Pedagógicos, que – como Clínicos-Formadores ou Formadores-Clínicos – têm a incumbência de auxiliar os professores nesse exercício de protagonismo.
É por esse motivo que, após a filmagem, cada professor da dupla recebe uma cópia da gravação audiovisual de suas aulas para que possa ele mesmo observá-la em local e momento de sua preferência, com o objetivo de identificar e indicar aos Coordenadores Pedagógicos um trecho de dois a cinco minutos das aulas filmadas. É importante incentivar os professores a selecionar trechos de aula nos quais tenham enfrentado algum tipo de dificuldade que gostariam de discutir com seus pares. Isso é importante para que recebam apoio coletivo no enfrentamento e na superação de certos obstáculos e dificuldades que se manifestam na interação do professor com os alunos. Eventualmente, embora não seja o ideal, os próprios Coordenadores Pedagógicos podem sugerir trechos de aula aos professores, se estes assim desejarem e/ou preferirem.
Tendo à disposição os trechos escolhidos, os Coordenadores Pedagógicos, então, agendam com os docentes as sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada e as conduzem conforme instruções que apresentei em um post anterior sobre o uso desse método. Para trechos de aula com duração média de dois minutos e meio, é comum que cada sessão dure de trinta a sessenta minutos, podendo todas as quatro sessões (duas de Autoconfrontação Simples e duas de Autoconfrontação Cruzada) durar até quatro horas.
Leia os posts anteriores para saber mais e continue acompanhando o Blog. Os primeiros posts fizeram a introdução ao problema da formação continuada e da saúde do professor nas escolas. Os posts seguintes discutiram uma fundamentação teórica e os posts atuais estão apresentando a Clínica da Atividade Docente como proposta prática de resolução do problema. No futuro, os posts apresentarão e discutirão um exemplo bem-sucedido de implementação dessa proposta em uma instituição pública de ensino.
Merece destaque o fato de que o professor é o ESPECIALISTA na sua atividade e cabe a nós pedagogos e/ou coordenadores pedagógicos sermos auxiliares nas discussões que emergem após as filmagens das aulas e das autoconfrontações simples.
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Diante do que está exposto no post, é evidente a importância de enfatizar aos participantes da Clínica da Atividade Docente, especialmente o coordenador pedagógico, que o objetivo não é o de julgar ou apontar ‘erros’ ou ‘faltas’ no trabalho do professor, mas sim o de “levar” os professores a se questionarem sobre o que estão observando nas filmagens de suas aulas.
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Exatamente, Mayara, é muito importante enfatizar esse ponto de que o objetivo não é fazer julgamentos de valor que muitas vezes desengajar ainda mais os docentes, muito pelo contrário…
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Gostei muito do post. Acredito que o coletivo de trabalho que é implementado na Clínica é um fator importantíssimo, pois possibilita a interação, diálogo e reflexão em conjunto. Assim, reforça um apoio coletivo, que é algo que nós professores precisamos.
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De fato, todos as etapas apresentadas até agora são essenciais para que a Clínica da Atividade Docente obtenha sucesso, mas realmente não consigo ver possibilidade de implementação bem sucedida se haver na instituição de ensino uma coleção de indivíduos e não um Coletivo. Os participantes precisam ter um senso de apoio, empatia e trabalho em grupo para que os professores que terão as aulas observadas não se sintam julgados, mas acolhidos para refletir com o coletivo.
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A educação precisa ir além, e por muitas vezes parece ser uma utopia mobilizar todas as pessoas de uma escola para que juntos façam o seu papel de ensinar, no entanto, caminhando se vai longe. Penso que se todos entenderem o que se trata a clínica e se respeitarem o passo a passo a educação irá evoluir muito. Por isso, acredito que tudo começa na interação entre os próprios docentes dentro da instituição, entendendo que não se deve apontar erros e defeitos, mas sim todos devem aprender juntos.
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Exatamente, Camila! Para caminhar em direção à utopia faz-se necessário dar um primeiro passo. Esse passo pode ser com a implementação da clínica.
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É bem interessante utilizarmos essa estratégia para que possamos repensar nossas atividades. Assim, nessa metodologia, o professor possui o papel central em sua reflexão e o coordenador pedagógico possui função de mediador.
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Isso mesmo, o que eu acho interessante da clínica é a autonomia que o professor recebe, enquanto em muitos lugares o coordenador pedagógico tem essa fama de pessoa “durona”, que precisa ser rígido com os professor, na clínica isso simplesmente não acontece, ela coloca tanto o professor quanto o coordenador em suas funções.
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