O uso de videodocumentários em reuniões pedagógicas com os professores
por Anselmo Lima
Depois de produzir videodocumentários sobre todo o processo de análise e problematização de trechos de aulas em parceria com a dupla de professores em sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada, o décimo passo na implementação de uma Clínica da Atividade Docente nas escolas é justamente empregar esses videodocumentários em reuniões pedagógicas com todos os professores do coletivo.
O mais frequente em reuniões pedagógicas tradicionais é que prevaleça a lógica do especialista externo na atividade dos professores. Por exemplo, o Coordenador Pedagógico, seguindo a tradição, estaria lá para orientar os professores sobre como devem proceder para superar esta ou aquela dificuldade ou obstáculo no trabalho de sala de aula. Entretanto, não é e não pode ser essa a lógica de reuniões pedagógicas inovadoras, que empregam videodocumentários no âmbito de uma Clínica da Atividade Docente.
Os professores da dupla, cujas aulas foram filmadas e cujos trechos de aulas foram discutidos por eles mesmos nas sessões de autoconfrontação, como especialistas naquilo que fazem, é que compartilham com seus colegas, outros especialistas na mesma atividade, o resultado do trabalho, que – na forma dos videodocumentários – pode perfeitamente ser a princípio apenas o registro audiovisual de determinados desafios de sala de aula cuja discussão, apenas iniciada entre os professores da dupla, será ampliada por meio da participação de todos os professores que fazem parte do coletivo.
Assim, tendo em vista o caráter inovador de uma Clínica da Atividade Docente que promove ao mesmo tempo tanto a formação continuada quanto a saúde do professor nas escolas, recomendo os seguintes procedimentos de condução das reuniões pedagógicas: 1) abertura do encontro explicando aos professores o modo de funcionamento dos trabalhos; 2) apresentação do primeiro videodocumentário aos professores, que – ao inevitavelmente se reconhecerem nas dificuldades de seus colegas – terão muito o que dizer sobre elas; 3) abertura da palavra aos professores, que – conforme determinada ordem de inscrições anotada gradualmente pelo Coordenador Pedagógico – vão um por um expondo seus pontos de vista e discutindo-os entre si; e 4) repetição do mesmo procedimento com o segundo videodocumentário. Eventualmente, os professores podem preferir assistir aos dois videodocumentários, um após o outro, antes da abertura da palavra. Nesse caso, como em todos os outros, a preferência dos professores – como especialistas naquilo que fazem – deve ser atendida.
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Leia os posts anteriores para saber mais e continue acompanhando o Blog. Os primeiros posts fizeram a introdução ao problema da formação continuada e da saúde do professor nas escolas. Os posts seguintes discutiram uma fundamentação teórica e os posts atuais estão apresentando a Clínica da Atividade Docente como proposta prática de resolução do problema. No futuro, os posts apresentarão e discutirão um exemplo bem-sucedido de implementação dessa proposta em uma instituição pública de ensino.
Oi prof. A partir deste post ficou mais claro o meu próximo passo. O retorno aos professores da minha escola.
Valeu
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Em nossas aulas na disciplina de Clínica da Atividade Docente, comentamos nossas experiências em reuniões pedagógicas e como elas geralmente fogem do seu propósito. É muito comum que a escola considere o dia da reunião como um dia de “folga”, ou então, que os professores sejam submetidos a realizar cursos sobre diversos assuntos com os “especialistas” externos. Dessa forma fica cada vez mais evidente como a implementação da Clínica nas instituições de ensino seria excelente para a formação continuada dos professores. Acredito que cada passo é essencial pois os professores que terão suas aulas observadas poderão perceber em cada um deles novas situações que antes não teriam notado. Por exemplo, a partir das reflexões feitas pelo coletivo ao assistir os vídeodocumentários.
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De fato, Mayara. É muito comum perceber essa visão das reuniões como algo que não é significativo. A proposta apresentada aqui é muito importante para ajudar quebrar com esses estereótipos negativos, lembrando que esses são resultado do modelo tradicional no qual estamos inseridos.
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Gostei muito do texto, como comentamos em sala na matéria de Clínica da Atividade Docente, com alguns relatos das e dos colegas, é muito comum que as reuniões pedagógicas não cumpram com seus objetivos. Dessa maneira, a proposta de reunião pedagógica inovadora que é apresentada aqui é muito importante pois realmente é algo significativo para os docentes.
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Exatamente, Barbara. Essa proposta inovadora para as reuniões pedagógicas precisa ser apresentada aos coordenadores pedagógicos e aos professores. As tradicionais reuniões pedagógicas relatadas na disciplina do professor Anselmo já estão enraizadas em algumas instituições de ensino e talvez eles nem saibam que existe outra possibilidade que trará melhores resultados para a prática dos professores.
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Com esses vídeodocumentários torna-se fácil trazer discussões sobre os problemas da escola para as reuniões, coisa que não acontece quando um “figurão” é contratado para a formação continuada dos professores, dessa maneira TODOS se envolvem e aí sim conseguem transformar seu local de trabalho, pois tudo o que se fala é sobre a realidade vivida por cada um que faz a educação naquele ambiente em específico.
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Sim, Camila! A reflexão deixa de ser abstrata e passa a ser focada nos problemas reais da própria instituição.
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É sempre bom pensarmos em alternativas para as reuniões pedagógicas tradicionais. Nessas, geralmente, o papel é contrário. Os professores não tendem a ser os protagonistas e normalmente os coordenadores tendem a apenas dizer onde os professores estão errando. Nessa nova perspectiva, o trabalho tende a ser mais proveitoso.
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Certamente na clínica o trabalho se torna mais proveitoso, como você bem mencionou, tradicionalmente o que costuma acontecer é esse julgamento e apontamento dos erros do professor, quando na verdade o que se deve acontecer é entender a raiz do erro e então a escola coletivamente precisa se mover para solucionar o problema.
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Os videocomentários servirão como um método extremamente eficaz de análise, visto que serão trazidas questões da prática real, evitando assim a influência de figurões.
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Concordo, Dener. A preocupação com o protagonismo e papel ativo dos professores presente nos métodos da Clínica é um diferencial para que o docente ganhe espaço e atenção em seu ambiente de trabalho.
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Acredito que as reuniões pedagógicas podem ganhar um novo sentido para os professores com a abordagem dos videodocumentários. Os docentes poderão perceber que eles são o foco do que está sendo colocado em pauta durante essas ocasiões, diferentemente das reuniões que estamos habituados, em que há pouca participação ativa dos professores, que acabam ficando passivos em relação às críticas que são efetuadas contra eles.
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O engajamento da clínica e esse método comprometido em mostrar, por meio de videocomentários, a realidade das salas, tende a permitir uma análise assertiva das ações, desprezando qualquer influência dos “figurões”.
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As reuniões pedagógicas muitas vezes não cumpre com seus objetivos e a proposta apresentada através da Clínica, é algo significativo e novo para os professores.
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A clínica vem para tornar possível uma formação continuada que realmente auxilie o professor e cuide da sua saúde.
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Esse passo é muito importante, pois envolve o coletivo de trabalho agora, onde todos poderão refletir sobre a prática dos colegas e as suas ao mesmo tempo. O último paragrafo é muito esclarecedor no sentido de forma de condução das observações dos videodocumentários.
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