Como ocorreu a formação da primeira dupla de professores para tratamento clínico da atividade docente?
por Anselmo Lima
A demanda dos professores na UTFPR-PB foi primeiramente levada bem a sério e sem trapaças. A partir daí, foi constituído um coletivo de trabalho docente com base na estrutura educacional existente no Câmpus Universitário. Em seguida, objetivando partir coletivamente para o enfrentamento da atividade concreta de sala de aula, o quarto passo na implementação da Clínica da Atividade Docente na instituição foi o de formação de duplas de professores voluntários para a filmagem de aulas no interior do coletivo.
A primeira dupla de professores foi formada no Departamento de Informática e todo o trabalho clínico subsequente foi também realizado nesse setor. Isso porque, dentre as chefias de todos os departamentos acadêmicos da instituição – que unanimemente fizeram sua adesão à implementação da Clínica da Atividade Docente – foram dois professores desse Departamento os primeiros a se voluntariar.
Obviamente, esse voluntariado não ocorreu de forma rápida e espontânea. Tendo em vista que os professores – com toda razão – frequentemente desconfiam de observadores externos em suas salas de aula, foi preciso antes apresentar-lhes muito clara e detalhadamente a proposta do trabalho a ser realizado e, além disso, esclarecer cada uma de suas dúvidas. Foi possível perceber que essa desconfiança estava relacionada à ampla experiência negativa que têm com a atitude típica dos “especialistas externos”: na verdade, não se sentem à vontade para ter em suas salas de aula pessoas que venham observá-los com o único objetivo de meramente apontar o que consideram ser seus “erros” para, em seguida, unilateralmente indicar formas nada realistas de “corrigi-los”, especialmente se isso for feito por meio de filmagens!
A principal dúvida ou insegurança dos professores em relação à participação deles na execução do trabalho se expressa surpreendentemente na seguinte pergunta: como é esse negócio de sermos nós mesmos os especialistas legítimos naquilo que fazemos?! É facil compreender bem essa dúvida ou insegurança se se levar em consideração que os docentes são cotidianamente “bombardeados” pela ideologia da “indústria dos especialistas externos”, segundo a qual – pelo fato de não saberem fazer bem seu trabalho – precisam que experts venham lhes dizer – fora da sala de aula! – em que estão “pecando” e o que devem fazer para se “redimirem” de seus “pecados”.
Uma vez superada a desconfiança, tiradas as dúvidas e eliminadas as inseguranças iniciais, parti com a dupla de professores do Departamento de Informática para o quinto passo na implementação da Clínica da Atividade Docente na UTFPR-PB: o estabelecimento de uma parceria de trabalho com os alunos. Esse será o assunto de meu próximo post.
Professor, ótima forma de descrever como ocorreu a formação da primeira dupla de professores para participar do projeto. Desde quando comecei a conhecer a teoria gosto de não ter esse “olhar” de especialista externo na atividade do professor, ou de qualquer outro trabalhador. Ótimo texto!
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É realmente necessário um policiamento do interventor para que o professor não se sinta acuado. Muitas vezes, como o professor bem colocou, os professores sentem-se desestimulados, pois já conhecem as velhas práticas advindas dos especialistas externos. Por isso, a explicação clara e detalhada é tão importante.
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É de extrema importância esse diálogo, para que o professor entenda que a clínica possui uma proposta diferente, ela é toda embasada teoricamente, sendo assim, possui um estudo, não é simplesmente a prática, por esse ponto de vista ela se diferencia de outras práticas que caem na “mesmice”. Dessa forma os docentes realmente observam a evolução de suas aulas e passam a confiar na proposta da clínica.
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