Autoconfrontação Simples: o professor “A” observa, descreve e explica um trecho de suas aulas
por Anselmo Lima
Em um primeiro momento da sessão de Autoconfrontação Simples, um dos docentes da dupla de professores do Departamento de Informática, que aqui denominarei provisoriamente professor “A” (PA), observa, descreve e explica um trecho de suas aulas em minha presença e na presença da Pedagoga Doutoranda Dalvane Althaus. A seguir, é possível observar duas imagens representativas desse trecho de aula e parte do comentário do professor sobre elas:
IMAGEM 1: O PROFESSOR “A” DIGITA INCLINADO
IMAGEM 2: O PROFESSOR “A” APONTA NA TELA
A: aqui eu tô digitando… como pode ver… é… na minha opinião tem um problema com os laboratórios de informática… todos… porque a mesa onde fica o computador do professor é baixa… ou seja… para mim… quando eu tenho que falar uma grande… quando eu tenho que digitar uma grande quantidade de código… eu tenho que sentar… então eu fico… assim… eu não consigo ver a turma… fico… na frente do computador… solução para isso… cara… hahn ((risos))… seria comprar bancadas para o professor colocar o notebook… e ficar de pé… digitando… seria uma solução pra aula de informática… pra você não… porque enquanto… aqui ainda eu tô digitando pouco então tô meio… não… não tô sentado…
EU: tá inclinado?
PA: inclinado… mas… quando se tem que digitar uma grande quantidade… não tem escapatória… você tem que sentar ali… e digitar
Em meu próximo post apresentarei uma análise clínica desse processo de observação, descrição e explicação.
É interessante perceber, professor, neste trecho da autoconfrontação a grande quantidade de pausas e hesitações que aparecem. Tais hesitações me lembram alguns pressupostos da psicanálise… é como se o professor já soubesse o real problema, mas não conseguisse acessar as informações que estão no subconsciente.
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Com esse comentário do professore de informática, lembrei-me dos posts anteriores, que falavam sobre os problemas que não estão ao alcance do professor resolver, afinal, esse é um problema que envolve estrutura, sendo assim, é necessário mobilizar outras esferas para que a solução venha à tona. Mas ainda assim, continua sendo um problema para a aula desse professor e com certeza de outros.
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Exatamente, Camila. Por isso a importância de que os gestores deem voz ao professor e o reconheçam como especialistas da sua atividade. Fazendo isso, eles poderão concentrar seus esforços em resolver os verdadeiros problemas enfrentados pelos professores, muito mais eficaz do que levar os “especialistas externos”.
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Concordo com vocês, meninas. Ficou muito claro nesse post que o professor não trabalha sozinho e que o papel dos gestores é essencial nesse processo, pois eles precisam dialogar com o professor para, como colocado pela Mayara, dar voz a ele. Um especialista externo dificilmente cogitaria pensar nessa questão da acessibilidade para o professor de informática, por exemplo.
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É isso mesmo, afinal seria um desperdício de tempo resolver problemas que esses especialistas trazem, quando na verdade só quem trabalha na escola sabe a real situação do local e quais são as áreas que necessitam de melhorias.
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Bom, aqui temos claramente um exemplo de que o professor não trabalha sozinho e que há coisas que não cabe a ele resolver. Como esse problema de estrutura que dificulta a aula do professor.
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Exatamente isso, Bárbara! É notório que, especialmente a respeito dos aspectos estruturais, nos tornamos dependentes de outros eixos.
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Com esse post podemos perceber como os aspectos físicos também interferem na saúde ocupacional do professor. O vício postural, a falta de suporte e acessórios ergonômicos são algumas das evidências identificadas pelo próprio especialista que dificulta a sua prática docente. Realmente, para mudarmos esse quadro atual da educação, precisamos pensar em um coletivo.
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Através desse post podemos entender que o professor não trabalha sozinho e que o gestor é essencial.
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