Diálogos em autoconfrontação cruzada: os Professores “A” e “B” dialogam face a face
por Anselmo Lima
Em um primeiro momento, o Professor “B” observa, descreve e explica o trecho das aulas do Professor “A”, na presença deste último e em minha presença:
PB: eu… se eu for pensar… em momento algum… é… chamei os alunos para participarem da aula ou fiz perguntas para os alunos… o Professor “A” já duas ou três vezes ele… chamou os alunos para participar da aula… então… é um aspecto positivo… ele traz… os alunos para… participar da aula dele… é… questões de coisas que eu por exemplo… todo momento ele estava ali no quadro… apontando o conteúdo… eu acho isso vantajoso… então ele fazia o comando e apontava isso para eles… então assim… eu acho… eu como… um aluno ali eu estaria entendendo perfeitamente porque a cada… ação que ele fez… ele… explicou… parou… deu o exemplo… não foi… digitado várias e várias e várias linhas para depois tentar explicar… então… para cada ação que estava sendo feita existia… uma explicação… não era um bloco longo de informações que poderiam se perder… era um bloco pequeno de informação e a partir daí tem uma explicação para cada bloco de… informação que foi digitado… que foi informado para o aluno… basicamente essa é a ideia que eu tenho…
Como é possível perceber, em um processo dialógico-argumentativo do qual participam seus enunciados anteriores produzidos na sessão de autoconfrontação simples, o Professor “B” estabelece comparações em relação a sua própria prática pedagógica, ressaltando e elogiando aspectos da aula de seu colega que não se verificam em sua própria aula. Por exemplo: “ele traz… os alunos para… participar da aula dele”, “é um aspecto positivo”, “todo momento ele estava ali no quadro… apontando o conteúdo”, “eu acho isso vantajoso”, “ele fazia o comando e apontava isso para eles [os alunos]”, “eu como… um aluno ali eu estaria entendendo perfeitamente”, etc.
Entre os dois professores desenvolve-se então um processo de reflexão a respeito de suas condições de trabalho pedagógico em sala de aula e das diferentes maneiras como respondem a elas. O problema levantado nas sessões de autoconfrontação simples vêm dialogicamente à tona e é rediscutido, com destaque para o fato de a mesa em que fica o computador do professor ser baixa e para as diferentes soluções implementadas pelos docentes, com suas consequências para a saúde individual e coletiva. Esse processo de reflexão será apresentado e discutido em meu próximo post.
Se você é novo por aqui, leia a sequência anterior de publicações e entenda a discussão:
Professor, achei muito interessante como, a partir do diálogo entre os docentes, eles mesmos percebem os problemas que existem em suas aulas. Sinceramente, no começo da prática tinha dúvidas que esse processo realmente ocorreria. No entanto, fica claro para mim agora como isso é realmente possível e que isso se dá a partir das diferenças entre duas aulas.
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Professor, através desse post consegui perceber aquilo que estávamos conversando em sala, sobre o coletivo de professores se ajudarem. O docente B conseguiu ver no docente A algo interessante que pode utilizar em suas aulas, por isso eu digo, a troca de experiências é muito importante, pois realmente as vezes é difícil enxergar de onde vem o problema e pior ainda, como poderia ser solucionado.
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Com certeza essa troca, esse diálogo entre os dois professores pode levantar muitas reflexões e levar ambos a recriar suas práticas procurando desenvolver de maneira proveitosa para os alunos mas sem deixar de lado sua saúde. É interessante também observar como o docente B possui essa vontade de recriar sua prática para torná-la ainda melhor.
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Concordo com vocês, meninas. Acredito que o coletivo de trabalho é muito essencial na proposta da clínica, pois esses diálogos são muito relevantes.
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Neste post, conseguimos perceber como essa interação por meio do diálogo é relevante, ela possibilita a relação do eu observado e eu observador.
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Exatamente, e é o diálogo que constrói as relações entre os professores, é necessário essa conversa, para que o coletivo se fortifique. Além disso, o diálogo é importante para que os professores possam contribuir um com o outro, dessa forma, os dois crescem em suas práticas.
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Concordo contigo Barbara, pois por meio do dialogo pode-se criar relações de aprendizado .
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Podemos perceber que ao observar as aulas um professor do outro eles adquirem conhecimento, pois ao ver a aula de seu colega você percebe o que o seu colega faz que você acha interessante e o que você faz em sua aula que talvez no seja tão bom.
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Sim, Jana. É um meio para ambos os professores repensarem suas práticas através da autoconfrontação.
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Esse diálogo entre professores passa uma transparência e humildade enormes. Notei que ambos os professores parecem já fazer parte de um coletivo de trabalho devido aos elogios e as críticas de suas aulas. O ambiente parece leve mesmo em um contexto onde tendem a surgir vários enfrentamentos, enriquecendo ainda mais o trabalho da clínica de atividade docente!
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Também consegui captar essa energia, Angelo. Um reconhecimento profissional entre ambos os docentes. Muito bom ver essa interatividade e profissionalismo entre os dois.
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Para mim, foi notável a empatia profissional em ambos os docentes. Uma preocupação em contribuir positivamente na prática um do outro. Acredito que essa é a essência que a Clínica busca resgatar.
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Com o post dá para perceber como o diálogo é relevante e importante, possibilitando a relação do eu observado e eu observador.
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