Dar aula em pé ou sentado? O dilema do professor que usa computador em suas aulas
por Anselmo Lima
De um lado, para o professor de informática, nas condições em que desenvolve seu trabalho pedagógico, digitar inclinado para conseguir dar aula quando a quantidade de código a ser digitada é baixa permite que o docente não perca o contato com os alunos por não estar totalmente isolado atrás da tela de seu computador, sentando-se e levantando-se alternadamente apenas quando é grande a quantidade de código a ser digitada. Esse gesto profissional docente permite amenizar o problema da perda de contato com os alunos durante o processo de digitação. Há, portanto, nesse caso, ganho para o professor e seus alunos em termos de ensino-aprendizagem, mas perda para o professor em termos dos impactos que podem ser causados a sua saúde, ainda que a longo prazo. Vale, nesse caso, lembrar as palavras do Professor “B”: “ficar três aulas inclinado sobre o computador, quatro ou cinco vezes por semana, [só pode trazer sérias consequências para sua saúde física]”.
De outro lado, digitar sentado para dar aula evita problemas que poderiam ser causados à saúde do professor, mas produz relativa perda de contato entre o professor e os alunos durante as aulas, uma vez que o professor se encontra praticamente isolado atrás da tela de seu computador, o que leva os alunos a ficarem “perdidos” e a se dispersarem, tornando-se mais ou menos “indisciplinados” e apresentando problemas de ensino-aprendizagem devidos à impossibilidade de acompanhar de forma mais proveitosa as explicações do professor. Nesse caso, há ganho para o professor, que consegue preservar sua saúde, mas perda para o professor e seus alunos em termos de ensino-aprendizagem, uma vez que estes últimos não conseguem acompanhar as aulas com maior proveito. Vale, neste outro caso, lembrar as palavras do Professor “A”: “quem acaba prejudicado também é o aluno”.
No próximo post explicarei a razão de esses dois gestos profissionais serem insustentáveis para os professores.
Parece-me que essas duas posturas assumidas pelos docentes são medidas “tapa-buracos” tomadas pelos próprios professores para mitigar os problemas que a própria instituição deveria resolver. Enquanto isso não é feito, professores e alunos acabam por sofrer
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Pois é, concordo. Algumas medidas estão fora do alcance do professor, porém, na maioria das vezes, a gestão não consegue enxergar esses pequenos detalhes, e é o professor quem arca com as consequências.
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Como o colega comentou anteriormente, também acho que essas medidas são “tapa-buracos”, afinal não um problema que o professor tenha que resolver sozinho e sim com o apoio da Universidade, no entanto, quem acaba sofrendo as consequências são os discentes e docentes.
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Exatamente, Camila, a solução para essa situação delicada enfrentada pelos dois professores não depende somente deles, eles buscam fazer o que acham mais correto, “tapando buraco” para prosseguir com o andamento das aulas.
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Como colocado pelos colegas acima, como a resolução da situação em questão não é algo que cabe aos professores resolverem totalmente, por ser um problema estrutural, eles buscam fazer o que podem, de acordo com o que pensam ser melhor… De fato, reproduzindo essas medidas “tapa-buracos” para conseguir dar o seguimento das suas aulas.
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E essa ação acaba sendo prejudicial tanto para os alunos que acabam tendo aulas adaptadas de acordo com o que está ao alcance do professor, quanto para o próprio docente que está colocando sua saúde em risco.
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É, são diferentes perspectivas para resolver o mesmo problema. Cada professor procurou encontrar uma solução a partir de suas características individuais. Um dos professores prezou por sua saúde física, enquanto o outro pensou mais em sua prática docente. É uma situação paradoxal, pois, qualquer das duas medidas adotadas, sempre haverá um ponto fraco.
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Exatamente, Angelo. Também pude perceber que cada profissional buscou alternativas influenciado pelos seus valores específicos. Mas, independentemente de qual eixo os olhares do professor estejam voltados, seja para sua saúde, seja para o aprendizado do docente, sempre haverá um prejudicado. Por vezes, julgamos, enquanto alunos, a suposta didática adotada por determinado professor, direcionando a culpa somente no profissional ali exposto e desprezando tantos outros fatores que interferem na qualidade de sua aula.
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É perceptível o quanto o profissional da docência precisa precisa estar constantemente adaptando processos, “tapando buracos”, resolvendo problemas que não são de sua incumbência para que seja possível dar continuidade em sua aula. Isso é gera um desgaste enorme no profissional.
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